Muito se tem falado das dificuldades enfrentadas pelo segmento das Análises Clínicas e também vários são os pedidos dos farmacêuticos para debater o assunto e buscar contribuições para essa área.
Atendendo às solicitações dos farmacêuticos e preocupado com a crise desse setor, o Plenário do Conselho Regional de Farmácia de Minas Gerais (CRF/MG) discutiu amplamente a situação na noite dessa quinta-feira, 21 de setembro, durante a 4ª Reunião Plenária Extraordinária.
O debate teve início após a apresentação do coordenador da Comissão Assessora de Análises Clínicas do CRF/MG, Wallinson de Abreu Miranda, que fez um breve diagnóstico do setor.
Entre as dificuldades apontadas, Wallinson lembrou da necessidade de uma formação acadêmica mais adequada; da falta de oportunidades no mercado de trabalho e de atualização do profissional; do piso salarial desmotivador e da falta de uma fiscalização eficiente da Agência Nacional de Saúde (ANS) para cobrar o cumprimento dos contratos com as operadoras dos planos de saúde.
Além dos Conselheiros, o debate contou com a presença de quatro professores da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Os professores Henrique Pimenta, Adriano de Paula Sabino, Maria Gabrielli Adelino Rocha e Maria das Graças Carvalho, e da estudante Lisa Magalhães, que prestigiaram e contribuíram com o fórum temático.
Os farmacêuticos também puderam acompanhar e participar da discussão, ao vivo, pela página do CRF/MG no Facebook (crfminas).
Acreditação
Os Conselheiros que participaram da Plenária expuseram suas preocupações em relação ao setor e deram sugestões. Bastante experiente nesse segmento e proprietário de laboratórios de análises clínicas, o Conselheiro Vanderlei Machado, citou, entre os vários problemas, a concorrência com outras áreas profissionais que vêm ocupando o mercado do analista clínico, como os biomédicos. Também ressaltou a defasagem dos preços praticados pelo SUS e operadoras de convênio. Mas advertiu que é preciso qualificação para se manter no mercado. “Aquele que não se qualificar e não fizer a acreditação do seu laboratório, não fica no mercado”, alertou.
A Conselheira Márcia Magalhães reafirmou a importância do setor e da necessidade dos estudantes participarem e conhecerem mais sobre a Análises Clínicas. Ela salientou que hoje são poucos os estudantes de Farmácia que optam por essa área de atuação. “A nossa área é linda. Vale a pena atuar, pois nós conhecemos de saúde. Temos é que aprimorar para prestar o nosso bom trabalho, pois há muitos campos de atuação para nós já regulamentados pelo CFF”, enfatizou a conselheira.
Propostas
Em meio ao debate, foi consenso entre os participantes da necessidade de mobilização e unidade da própria classe para alavancar o setor. Professora de Citologia Clínica, Maria Gabrielli Rocha lembrou que não se faz farmácia sem as Análises Clínicas. “Ela é o conhecimento básico; é inerente a qualquer campo de atuação do farmacêutico”, frisou.
De acordo com a professora, “é preciso desconstruir e construir tudo de novo, inclusive mudanças na grade curricular”. Ela acrescentou que “o conhecimento em Análises Clínicas é muito importante, pois permite a prevenção e entendimento das doenças, possibilitando o monitoramento dos males a partir dos sinais que antecedem ao diagnóstico e também durante o processo de tratamento, assegurando a sua eficácia”.
Também o professor Henrique Pimenta defendeu o fortalecimento do segmento e ressaltou que “a farmácia clínica é baseada em evidências e esses dados são buscados no microscópio”, exemplificou.
Muitas ideais, sugestões e propostas nortearam o fórum. Na avaliação de Wallinson Abreu, embora ainda incipiente, “o debate amplia o foco para a profissão e é mais uma tentativa de valorizar o profissional farmacêutico”, enfatizou.
No final, foram propostas algumas ações, como cobrar da ANS fiscalização mais eficiente para assegurar o pagamento das operadoras dos planos de saúde; promover fóruns regionais e manter a proximidade com as universidades e faculdades de Farmácia.
O presidente do CRF/MG, Luciano Rena, encerrou a Plenária enfatizando que esse fórum foi apenas o começo, e salientou a necessidade de participação de todas as entidades farmacêuticas. “Agradeço a presença de todos, especialmente a dos professores da UFMG. É importante e necessária essa proximidade do Conselho e as instituições de ensino. Temos que continuar a debater os problemas das Análises Clínicas para buscarmos condições de melhoria. Mas é preciso unidade, participação de todas as entidades”, finalizou.
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