O Estado de S. Paulo - 13/07/2016 às 14:29:26

Nº de casos de aids no Brasil volta a crescer e já supera 5 registros por hora

O número de infectados pelo vírus da aids voltou a subir no Brasil, conforme os números do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (Unaids). A população vivendo com a doença no País passou de 700 mil, em 2010, para 830 mil em 2015, com 15 mil mortes por ano. “O Brasil sozinho responde por mais de 40% das novas infecções de aids na América Latina”, alertou o Unaids. De cerca de 43 mil novos casos em 2010, o País passou para 44 mil em 2015 (mais de 5 por hora). Em termos globais, o número de novas infecções pelo mundo caiu apenas de forma modesta, de 2,2 milhões, em 2010, para 2,1 milhões em 2015.

(FOTO: Colégio Web/Site)

Entre os adultos, ela se manteve inalterada em 1,9 milhão. O Brasil e a América Latina, porém, caminharam em direção oposta, de alta. “No Brasil, vemos um aumento da aids e em parte por complacência”, disse ao Estado o diretor executivo do Unaids, Michel Sidibé. “O País era o melhor aluno da classe.

Por anos, vimos a força incrível do Brasil, liderando o debate mundial. Hoje, essa força foi perdida. Isso deixa claro que não se pode baixar a guarda.” Entre adultos brasileiros, os novos casos subiram 18,91% em 15 anos – eram 37 mil em 2000.

Uma cabeleireira de 27 anos, que preferiu não se identificar, contou que recebeu o diagnóstico após perder um bebê. Ela estava grávida de 8 meses e vivia em um relacionamento estável. Para ela, o excesso de confiança faz as pessoas terem comportamentos de risco. “Elas acham que podem confiar por estar em um relacionamento estável. E, como tem a medicação (coquetel de drogas), pensam que é tranquilo, mas isso é uma zona de conforto ilusória.

Além disso, a minha geração não viu ícones (grandes cantores, por exemplo) definharem com a doença.” Segundo o Unaids, o principal fator de alta no Brasil foi o avanço de novos casos entre gays e homens que mantêm relações com homens (heterossexuais que admitem fazer sexo ocasionalmente com outros homens). Citando estudos de 2009, a agência já apontava que a prevenção poderia estar falhando: quase metade dos homens que têm relações com outros homens nunca foi testada. Para Sidibé, os governos precisam indagar-se por que tais populações não estão recebendo a atenção necessária.

No Brasil, apenas 6% do orçamento contra a aids seria para prevenção. Há três anos, um exame de rotina mostrou para um analista de sistemas de 23 anos, que também não quis informar o nome, a infecção pelo vírus. “Sempre pensava que nunca ia acontecer algo ruim e não me preocupava com isso.” Ele já está adaptado ao tratamento. “Só tomo os cuidados e faço o tratamento.” No País, 452 mil pessoas recebem essa terapia.

Procurado, o Ministério da Saúde confirmou os dados, mas considerou que indicam “estabilidade”. “O que se observa é tendência de redução da taxa de incidência: em 2010, era 22,5 casos por 100 mil habitantes; em 2014, eram 21,5 casos por 100 mil. A mortalidade passou de 6 óbitos a cada 100 mil, em 2005, para 5,7.” O governo ainda ressalta que o gasto de 6% em prevenção é apenas o federal.

Alerta global

Mas a preocupação dos especialistas da ONU não é apenas com o Brasil. “Estamos soando o alarme em todo o mundo. O progresso parou”, disse Michel Sidibé. “Falta prevenção. Se houver um aumento de novos casos de infecção agora, a epidemia será impossível de ser controlada. O mundo precisa tomar medidas urgentes e imediatas, com enormes perdas econômicas.” Hoje há 36,7 milhões de pessoas vivendo com a doença no mundo.

Em média, 1,9 milhão de adultos a cada ano foram infectados com o vírus desde 2010. A ONU esperava acabar com a aids até 2030. “Agora corremos o risco de ver todos os avanços se perderem”, afirmou Sidibé. Na avaliação do Unaids, governos precisam focar esforços em populações mais vulneráveis, além de reforçar a prevenção e dar mais opções aos jovens. Apesar dos avanços, só 57% dos infectados sabem ter o HIV e apenas 46% dos doentes (17 milhões) têm acesso a tratamentos.

Ações do governo levaram País a perder protagonismo

Os retrocessos no combate à aids no Brasil são muito mais alarmantes do que revela o relatório anual do Unaids. Nos últimos anos, o ufanismo do governo federal consistiu na divulgação seletiva de dados que pudessem corroborar a tese da aparente estabilidade da epidemia. No entanto, a reemergência da aids já estava evidente nas novas infecções, no aumento de óbitos no Norte e no Sul, na queda drástica do uso de preservativos pelos jovens e na baixíssima realização de testes de HIV entre populações mais vulneráveis.

Sem diagnóstico, muitos seguem sem saber que têm o vírus, continuam infectando os parceiros ou morrem sem acesso ao tratamento. Aumentou o tempo entre o teste positivo e a primeira consulta, e piorou a assistência, com serviços lotados e falta de médicos.

Mas foi mesmo na prevenção, como ressalta o Unaids, que o Brasil baixou a guarda. Ultimamente, impôs-se um modelo com base apenas em testes, remédio e camisinha. Foram censuradas campanhas e descartadas ações sobre os determinantes sociais da epidemia, como o preconceito e a homofobia. As organizações da sociedade civil deixaram de ter voz ativa na definição dessa política.

Arrogância técnica, intolerância ao diálogo, aliança com forças retrógradas e o desmonte do Sistema Único de Saúde (SUS) levaram à perda do protagonismo internacional e ao isolamento interno na resposta brasileira à aids. O resultado: milhares de infecções e mortes que poderiam ter sido evitadas.







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